1989. Muita água correu debaixo do Vítor Pontes desde essa época.
Hoje, um mero anti-histamínico fora de contexto pode rasgar a carreira de um jogador em pedaços. Mas dantes era o tempo em que um futebolista que acusava cocaína num
controlo anti-doping apanhava três meses de suspensão e depois ia estagiar com
o seu clube ao estrangeiro no defeso seguinte, sorridente como se nada fosse. Falamos
de Hernâni. E depois o desplante de apresentar aquela mancha tenebrosa nos sovacos sobre
uma camisa de tonalidade rosa. Seria do nervoso miudinho? Pois, à falta de desodorizante, nada melhor que
acender um cigarrinho para acalmar. Em resumo: um futebolista profissional a
quem detectaram cocaína uns meses antes apresenta-se a suar alarvemente das
axilas e põe-se a fumar, em pleno aeroporto, numa viagem oficial da sua equipa,
pela qual se manteria por mais 5 anos.
Era um mundo maravilhoso, portanto. Como maravilhoso era o frondoso matagal que cobria as partes
altas do maior dos empresários portugueses de então: Manuel Barbosa. Pese o ar
esgazeado e a suspeita de que hoje jamais lhe compraríamos um carro usado no seu "stander" da berma de estrada, não se deixem enganar: este senhor foi o Jorge Mendes quando Jorge Mendes ainda não sabia
que duas mamas podiam caber numa só. Manuel Barbosa e o seu impecável aspecto
oleoso constituem por si só um notável pictograma, mas a pièce de resistance é
o pormenor do sr. Aníbal lá atrás no mural do seu humilde escritório, como um
Deus omnipresente.
Pois é, afinal nem tudo mudou desde então.
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