segunda-feira, julho 15, 2013

Dantes



1989. Muita água correu debaixo do Vítor Pontes desde essa época.

Hoje, um mero anti-histamínico fora de contexto pode rasgar a carreira de um jogador em pedaços. Mas dantes era o tempo em que um futebolista que acusava cocaína num controlo anti-doping apanhava três meses de suspensão e depois ia estagiar com o seu clube ao estrangeiro no defeso seguinte, sorridente como se nada fosse. Falamos de Hernâni. E depois o desplante de apresentar aquela mancha tenebrosa nos sovacos sobre uma camisa de tonalidade rosa. Seria do nervoso miudinho? Pois, à falta de desodorizante, nada melhor que acender um cigarrinho para acalmar. Em resumo: um futebolista profissional a quem detectaram cocaína uns meses antes apresenta-se a suar alarvemente das axilas e põe-se a fumar, em pleno aeroporto, numa viagem oficial da sua equipa, pela qual se manteria por mais 5 anos.


Era um mundo maravilhoso, portanto. Como maravilhoso era o frondoso matagal que cobria as partes altas do maior dos empresários portugueses de então: Manuel Barbosa. Pese o ar esgazeado e a suspeita de que hoje jamais lhe compraríamos um carro usado no seu "stander" da berma de estrada, não se deixem enganar: este senhor foi o Jorge Mendes quando Jorge Mendes ainda não sabia que duas mamas podiam caber numa só. Manuel Barbosa e o seu impecável aspecto oleoso constituem por si só um notável pictograma, mas a pièce de resistance é o pormenor do sr. Aníbal lá atrás no mural do seu humilde escritório, como um Deus omnipresente.

Pois é, afinal nem tudo mudou desde então.

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